segunda-feira, 27 de julho de 2009

Semáforo




Meu Deus! Não tem como iniciar esse texto sem essa frase. Não há frase melhor. Na verdade, não sei sequer como organizar meus pensamentos a fim de escrever algo passível de compreensão.

Acabei de ter uma experiência memorável, algo do qual eu sentia tanta, mas tanta falta que não sabia. Pela primeira vez em meses, posso dizer até anos, eu chorei de alegria. Chorei de saudade por reencontrar naquele abraço algo de bom que ficou perdido em algum lugar por onde eu passei. Sei lá. Foram os minutos mais lindos, mais singulares, mais incríveis da minha vida. Ficar ali, parada, literalmente pendurada no seu pescoço, porque você cresceu tanto que, pra te abraçar, preciso ficar na ponta dos pés! E fiquei. E ficaria por uma, por duas, por três horas, por um dia inteiro, por uma vida inteira.

Uma única lágrima caiu, mas caiu feliz, rolou sorridente pelo meu rosto. Um abraço que durou o tempo que leva entre um farol vermelho e outro. Ali, naqueles minutos que, ao mesmo tempo, passaram voando, mas que pareciam uma eternidade - a eternidade mais linda que eu já pude sonhar; um universo paralelo, como se as horas não importassem, como se o dia, a noite, os carros, o mundo! Como se mais nada importasse. Como se aquele semáforo, por vontade própria ou bondade das conspirações universais (!), demorasse em ficar verde. Lembrar de sempre sorrir ao passar por ali.

Um abraço que trouxe de volta tudo de bom que havia dentro de mim e caiu em alguma esquina dessas milhares de ruas pelas quais passei. Como se, por aquele abraço mais-que-perfeito, aquele poste na rua pudesse me iluminar por dentro e por fora. E iluminar todo o mundo, porque eu juro que vi uma luz imensa em cima da gente. Como se, em algum lugar, alguém estivesse feliz por ver que eu estou me encontrando, que eu estou tentando fazer tudo direito, que eu estou me esforçando – e muito - para não fazer besteira.

Me abraça de novo. Me abraça e jura que não solta mais. Cumpre aquilo que você me prometeu. Você prometeu, eu fiz você prometer que me abraçaria de novo. De dia ou de noite, no Alasca ou no Saara, na terra ou no fundo do mar. Promete que me abraça de novo. Promete que vai me fazer sorrir como eu sorri hoje. Promete que me perdoa pelo que eu já fiz pra você. Promete que vai cuidar de mim.

Me abraça de novo, pára o meu mundo e me deixa ficar bem quietinha, do jeito que você quer que eu fique, quietinha no meu lugar que é, e sempre foi, o teu abraço.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

O CARA


Bem, diante dos recentes acontecimentos, sinto-me obrigada a escrever. Acho que estou ficando meio neurótica com essa coisa de ser escritora. Me acontece cada tragédia e a primeira coisa que me vem à cabeça é: Isso vai me render uma boa história. Vê se pode?! Mas, já que as coisas estão nesse pé, vamos ao caso.

Que a minha vida amorosa é uma comédia, isso eu já sei. Que eu vivo fazendo besteira por aí, isso eu também já constatei, a grande questão do momento é que, com essa minha recente decisão de fechar pra balanço, eu num momento muito, mas muito introspectivo mesmo, descobri qual é o meu problema. O que, no mundo de hoje, já é um grande passo: identifica-se o problema e parte-se para solução.

O meu problema é que tento buscar em outros caras aquilo que eu sei que só encontrei em você. É, você mesmo, você sabe disso, eu sei disso, todo mundo sabe disso. Todo mundo sabe que, por mais que eu insista em tentar encontrar o cara certo por aí, o MEU cara está bem diante de mim o tempo inteiro. E sempre esteve, nunca saiu daqui. O grande problema. O MEU grande problema, é que eu fico relutando, dizendo pra mim mesma que não, que eu tenho que vagar pelo mundo, conhecer gente nova, assistir filmes estranhos e peças do tipo cabeça, ouvir músicas que ninguém ouve, citar frases de filósofos famosérrimos, tudo isso pra encontrar um cara desse tipo.

Sejamos sinceros. E foi exatamente isso que eu fiz.

Não, eu não quero ficar fazendo cara de intelectualóide, fingindo que estou entendendo e concordando com tudo. Tudo bem que, às vezes, eu entendo mesmo e até curto, mas não sempre! Sejamos sinceros em admitir que eu ouço mesmo a música que todo mundo ouve, que eu curto ouvir pagode, RBD, rock, pop, MPB e tudo o que eu tenho direito. Curto assistir Harry Potter, 10 Coisas que eu Odeio em você, As Visões da Raven, desenho animado no sábado de manhã e todas aquelas coisas que os intelectualóides abominam. Sejamos sinceros em dizer que pra mim, o que vale mesmo é um cara bacana que consiga me fazer rir de coisas idiotas, que me entenda mais do que eu mesma sou capaz, que, numa palavra não dita, diz tudo o que eu queria ouvir; que briga comigo, me xinga e manda eu ir me ferrar, mas que, daqui a alguns dias, vai estar olhando pra mim com aquele sorriso que só você consegue dar; que vai me mandar calar a boca quando eu começar a falar demais, porque EU SEI que eu falo demais; que vai continuar gostando de mim, mesmo depois de tanto tempo, mesmo depois de todas as idiotices que eu fiz, mesmo sabendo quem eu sou de verdade.

Depois de chegar à essa conclusão, percebi também que, não importa o que eu faça, tudo me leva de volta a você. E isso não é bom. Nem pra mim, nem pra você. É sempre aquele maldito ciclo. Eu estou com você, sinto-me a pessoa mais feliz do mundo, aí decido que preciso conhecer outras coisas, expandir meus horizontes e saio por aí. Fico com um cara que, por um curto período de tempo me interessa, termino com ele, me machuco e percebo que era você o cara com quem eu sempre sonhei. Aí eu volto pra você, ficamos juntos um tempo e terminamos! Aí eu te machuco, me machuco. A gente briga, fecha a cara, fica aquele clima horrível que eu tanto odeio. Passam-se os dias, a coisa vai melhorando, eu vou expandindo meu maldito horizonte… e o resto a gente já sabe. Voltamos ao início de novo.

Então, depois de muito refletir, cheguei à uma conclusão importante. Como eu sei que tudo vai me levar a você, não quero mais expandir meu horizonte mais que expandido. Quero ficar bem paradinha aqui no meu lugar, bem quietinha esperando que você expanda seus horizontes e, talvez, chegue à essa mesma conclusão. De que eu sou pra você e você é pra mim. De que a gente bem que podia ficar junto. Daria uma história daquelas!

Vou ficar bem aqui, esperando o momento em que poderemos ficar juntos de verdade. Pra sempre. Ou então, até que você decida, porque é você quem vai me dizer isso, se vai chegar a hora em que seus horizontes já estarão tão expandidos, a ponto de você não lembrar mais de mim. Aí eu vou sentar, chorar e me deprimir pro resto da vida por ter deixado O CARA passar por mim desse jeito.

terça-feira, 7 de julho de 2009

Sonhos

Encontro-me disposta a falar sobre sonhos. A gente tem tanto sonho nessa vida! Tantas vezes já sonhei e mudei de sonho, e depois sonhava de novo.

Viver é desenhar sem borracha, dizem por aí. E sonhar, projetar, almejar, não se enquadra em nada disso? Sei lá, acho que sonho é uma prévia do que queremos e, particularmente a mim, serve como impulso para a vida. Sinceramente, como é que se vive sem sonho?! Sonhar com o dia seguinte, sonhar com aquele telefonema (que nunca acontece), com aquele recado na página do Orkut (que só existe na sua cabeça), sonhar com aquela viagem, com aquele emprego maravilhoso, com a chegada do final de semana… tem tanto sonho rodando por aí e a gente nem se dá conta.

Sempre acreditei assim, que a vida é movida de sonhos, dos mais simples e imperceptíveis aos mais insistentes e constantes em nosso pensamento. Sonhos são o que nos impulsiona a viver, a solucionar os problemas que nos tiram o sono, trabalhar arduamente sete dias da semana se preciso for, estudar horrores para aquela maldita prova da matéria que você mais odeia na face da terra. Tudo isso porque… porque a gente tem um sonho. Ficar rico, mudar de casa, ter filhos, ir pra Albânia, comprar uma moto, ter um cachorro, sei lá, cada um tem um sonho e é justamente ele que implusiona o mundo. E é justamente pela nossa mutabilidade, por toda essa nossa mudança de sonho que o mundo não pára.

Eu, por exemplo, já quis morar no meio do Pantanal. Alimentava o comércio local comprando todo tipo de mapas e reportagens que saíam de lá, milhões de vezes cheguei a fazer uma lista do que levar na bagagem, sabia decor e salteado a época das cheias e como sobreviver a elas. Mudei de sonho, sonhava em ir ao shopping sem ficar pedindo dinheiro pra minha mãe. Arranjei um emprego. Sonhava em ser professora. Entrei na faculdade. Sonhava em ter mais dinheirinho, prestei concurso. Sonhava em ter mais dinheiro… arranjei um cartão de crédito! (Idiota de minha parte, mas o que eu podia fazer?)

Hoje ando sonhando em mudar. Mudar tudo. Cabelo, emprego, curso, casa, vida! E estou me movimentando pra isso. Esses meus sonhos já me levaram a tantos lugares, só me resta saber pra onde vou agora. Espero que pra um lugar bem lindo, longe e quentinho pro Edgar poder brincar.

segunda-feira, 6 de julho de 2009

O cara por quem me apaixonei

Mais uma de 2007... milhões de textos desenterrados!



Me sinto tão confusa
Como se tudo o que eu pensasse a seu respeito
Não passasse de uma ilusão

Não vejo mais em você
O cara por quem me apaixonei
Tão doce, que com seus olhos me encantava
E com os lábios, dizia que me amava
Com a alma, me escrevia poesias
Sua voz sempre me confortava

Agora já não vejo em você
O cara por quem me apaixonei
Você está aqui do meu lado
Mas o sinto tão distante de mim
Sinto como se minha presença
Não o agradasse como você a mim

Sinceramente, cansei
Pra mim já chega dessa sua indecisão
Dessa sua falta de vontade
De decidir se me quer ou não
Não vou esperar a vida inteira
Até que você volte a ser
O cara por quem me apaixonei.

Só por um momento

Esse é das antigas! Data de fevereiro de 2007


Só por um momento
Eu gostaria de estar bem longe
Longe de tudo o que, neste momento, está me fazendo chorar

Só por um momento
Eu gostaria de fazer de conta
Que tudo isso é um pesadelo, do qual em breve, vou acordar

Só por um momento
Eu gostaria de estar aí com você
Porque só você é capaz de me fazer sorrir em qualquer situação

Só por um momento
Eu gostaria de ser um raio de sol
Que invade sua janela sem que ninguém o impeça de brilhar

Só por um momento...
Só por um momento...

Eu quero, pra todo o sempre,
Estar bem junto a ti
E poder dizer, sem ressalvas,
Que todo o meu amor é seu.

Queria ser criança de novo...

Queria ser criança de novo, tempo em que meus problemas resumiam-se em não querer comer as verduras e os legumes, não conseguir ficar de boca fechada na sala de aula e ouvir a professora me mandando ficar quieta, fazer a lição de casa sempre (sempre mesmo) as 6h00 da manhã porque eu nunca lembrava antes, tempo em que meus medos eram do escuro, dos cachorros bravos na rua, dos monstros da TV, tempo em que minhas dúvidas eram se eu assistia O Fantástico Mundo de Bobby no SBT ou Digimon na Globo....

Eu vivia querendo crescer, era tudo o que eu mais queria....

Hoje eu choro querendo ser criança de novo, podendo correr para o colo da minha mãezinha e ficar lá o tempo que eu quisesse, sem pensar em trabalho, faculdade, nada, nada mesmo....
Tempo em que eu podia falar o que desse na telha, já que " Ela é criança..."

Eu quero ser criança de novo.....

domingo, 5 de julho de 2009

Eu Voo

Textinho feito no curso sobre a Nova Ortografia da Língua Portuguesa. Ficou tão bonitinho que achei válido......

Eu voo. E não importa o que digam, o que falem, o que pensem. Eu pura e simplesmente voo. Busco novos rumos, novos lugares para descobrir, novos horizontes a alcançar. Voar até a Coreia, Austrália, Japão. Rio de Janeiro, Ceará, quem sabe o Sertão...
Atingir o inatingível. É fato que nem todo mundo me apoia. É fato que viver é difícil, uma batalha frequente. Uma constante dúvida interna sobre o que fazer, o que escolher, para onde ir, em quem confiar... Mas eu não canso de cair! E também não me canso de levantar. Eu não enjoo de viver, eu não enjoo da vida!!!
São tantos os que já não creem. São tantos os que só enxergam a feiura da vida. Como viver assim?
Acredito que nem todos são sinceros e que nem tudo é belo, mas acredito, acima de tudo, que é impossível voar sozinha.
Então voe. Voe comigo. Aprenda e me ensine a voar cada vez mais alto, cada vez mais forte, cada vez mais longe e também mais perto. Mais perto de ser feliz.

Gênesis 13 - Conselhos pra vida toda

Hoje ouvi alguns conselhos. Conselhos esses que eu deveria ter ouvido, deveria ter pedido muito antes de tudo chegar ao ponto em que chegou. Maldito imediatismo! Justo eu que tanto falava, justo eu que tanto criticava e clamava ‘Deus, livra deste mundo imediatista!’.

Logo eu me vi pega, completamente rendida pelas consequências de atitudes não pensadas, sem reflexão, sem oração.
Hoje celebramos um culto em ação de graças pelos aniversariantes do primeiro semestre e foi essa a mensagem trazida pelo nosso pastor. Conselhos a serem seguidos para uma vida de bem-aventuranças, um vida nos braços do Senhor.

O primeiro deles (v.4), diz que devemos, antes de tudo, orar, pedir a Deus que nos dê sabedoria, nos mostre o que é melhor, nos livre do imediatismo, do desejo de querer fazer sempre a nossa própria vontade.

O segundo (v. 10), nos atenta para tomarmos cuidado com a emoção. Cuidado com as decisões tomadas baseadas apenas naquilo que nossos olhos enganosos nos mostram.

Tantas e tantas vezes, nos meus momentos de intimidade, pedia a Deus que me impedisse de tais ações! Mas, como sempre, num mínimo momento de fraqueza, num segundo, num pequeno momento de desatenção, me pego numa situação da qual não sei como sair. Seria tão mais fácil, tão menos doloroso se nós, simplesmente, aprendêssemos a esperar, aprendêssemos a confiar no Deus da nossa salvação, que nos conhece em cada detalhe, que sabe das nossas fraquezas, das nossas mais íntimas necessidades, mas ainda assim, mesmo assim, insistimos em fazer o que nos dá vontade, mesmo estando calejados das marcas que tais decisões precipitadas e não pensadas nos trazem.

Outra parte da mensagem também me chamou a atenção. Quando nós sabemos disso tudo, quando temos plena consciência das consequências de nossos atos não pensados e, ainda assim, insistimos no erro, é como se todo o sacrifício na cruz não nos tivesse valia. E eu não quero isso, eu não penso assim. A história da cruz, a morte de Cristo é a mais bela atitude de amor já contada, um sacrifício incomparável. Então não me custa e, se custar, não chega nem perto de tudo o que ali foi feito por nós, por você, por mim…

Chego à conclusão de que necessito romper um ciclo, um ciclo que insiste em se repetir na minha vida. Tudo bem, tudo em paz, intimidade com Deus, declínio, declínio, declínio, fundo do poço… Tudo bem, tudo em paz, intimidade com Deus, declínio, declínio, declínio, fundo do poço… Tudo bem, tudo em paz, intimidade com Deus, declínio, declínio, declínio, fundo do poço… Isso cansa, isso dói, machuca, sangra.

Acho que já passou da hora de parar de fazer besteira por aí. Hora de parar de me precipitar. Figurativa e literalmente. São precipícios atrás de precipícios (‘Um abismo chama outro abismo…’). Já deu.
Quem sabe aprendo a calar-me e ouvir, simplesmente ouvir. Ouvir de verdade.

'Livra-me do imediatismo, dê-me razão em lugar da emoção, ensina-me a escolher o que é certo aos Teus olhos.' Gênesis 13

Olhos Abertos

São 01h13 da manhã, o que me leva a escrever, refletir a essa hora? Não sei se esse é o momento, mas hoje foi um dia marcante na história da minha vida. Em todos os sentidos, todos mesmo. Na minha vida profissional, nas minhas relações com o mundo, com meus amigos, na minha relação comigo mesma.

Vi uma criança, uma menininha de uns 4 anos que chegou ao CEU pra realizar matrícula. Cadeirante. Mas isso era um mero detalhe, porque ela era tão ativa, dominava com tamanha destreza a cadeira de rodas que, por alguns segundos, por aqueles breves momentos, isso era REALMENTE um detalhe, dava até pra esquecer, era algo como: “qual é o problema dela, mesmo?” . Mas me doeu o coração ver que as dificuldades que ela enfrentaria na vida seriam muitas e, uma delas, seria ali, no CEU mesmo. “Eu queria estudar aqui… mas não posso, né?” Foi o que ouvi dela. Tudo porque, por sua “deficiência” a mãe teria de acompanhá-la, mas ela não podia, tinha que trabalhar. O que fazer? Me deu vontade de ali, me comprometer com ela, de levantar minha mãozinha e dizer: “Eu, eu me comprometo a levá-la ao banheiro!” Deu vontade de gritar! Mas não é assim que funciona o mundo, não é assim que essa sociedade injusta, isso mesmo, injusta!, não é assim que ela age. Prega a integração, inclusão mas é da boca pra fora, pura fachada, puro modismo. É moda falar em inclusão, é o assunto do momento. Mas e a prática? Por que uma criança como a Ná estava sendo privada do direito de freqüentar uma escola? Alguém, por favor, pegue o ECA e o rasgue em mil pedacinhos! Diga-me por que é que ele consta nos concursos públicos, é bibliografia em tantos lugares, é aclamado, é dito com a boca cheia, se na prática, na vida real ele não está em prática? Por que é que nossos governantes mostram inclusão como uma realidade maravilhosa quando, na verdade, essa realidade não chegou até aqui? E não digo isso só pela Na, mas também pelo Weverton, pelo Rafael, pela Letícia, pelo João, pela Maria, pelo José… por tantas e tantas crianças e mães e famílias inteiras que são diretamente afetadas por essa irresponsabilidade do governo, por essa abstenção da culpa, por essa troca de papéis. Essas crianças são responsabilidade nossa, são responsabilidade do governo, não se trata do filho da Maria, da filha do José, são NOSSAS crianças, filhos de uma sociedade hipócrita, que prega o ativismo, mas peca pela inobservância mais delicada e humana da nossa realidade. Alguém pelo amor de Deus me diga para que raio serve uma escola cheia de escadas, um complexo escolar, sem elevador que funcione, sem gente especializada para atender às NOSSAS crianças? Isso é complexo demais para os meus sentimentos absolutamente humanos que viram e sentiram nos olhos daquela avó, a angústia da busca desesperada por um lugar que receba adequadamente sua netinha. Todos somos diferentes, temos as nossas próprias deficiências, essas sim, sem aspas: o egoísmo, a ingratidão, o conformismo diante da dficuldade apresentada, essas que pesam infinitamente mais do que as “deficiências” físicas ou mentais das NOSSAS crianças. Humanitarismo demais da minha parte? Fraqueza, sensibilidade exacerbada? Não sei, mas, afinal, eu sou humana, vivo cercada de gente humana, vivo numa sociedade liderada por seres humanos, mas… como ficar inerte diante de uma situação tão gritante? A raça humana, acabando e ignorando as necessidades do seu próximo, um próximo tão próximo, mas tão próximo que, muitas vezes, conseguimos enxergar aquele povo distante, que morre de fome, que padece na pobreza, mas não enxergamos a nossa própria pobreza de espírito, pobreza essa, que nos cega e nos faz pensar que está tudo muito belo e muito bonito do jeito que alguém fez. Pra que lutar, pra que mudar, pra que abrir os olhos? Meus olhos se abriram e doeu. Como doeu perceber a cegueira na qual me encontrava, vivendo em meu mundinho perfeito, enquanto o meu próximo tão próximo sofre e padece com coisas nas quais eu nem pensava. Abrir os olhos é preciso. È dolorido, as lágrimas outrora secas, começam a brotar, te fazendo lembrar da tua origem. Somos humanos, todos irmãos… vamos abrir os olhos governantes, vamos abrir os olhos povo, vamos abrir os olhos irmãos.

Procura-se

Bem, vamos às apresentações. Caso você ainda não me conheça, muito prazer, Jacqueline Andrade, 20 anos, graduanda em Letras e Pós-doutorada em relacionamentos falidos. Não é qualquer tipo de relacionamento. É todo e qualquer tipo de relacionamento. Você tem uma história pra contar? Puxe uma cadeira e sinta-se à vontade já que estou plenamente familiarizada com todo tipo de situação-problema. Não importa o tamanho, não importa o número de pessoas envolvidas.

Seu problema não tem saída? Alguém vai sair machucado, alguém vai chorar, alguém vai ser visto como o malvado da história, mas com o tempo passa.

O grande problema é o DURANTE, mas quando passar, você se sentirá mais forte, mais maduro, achando que já está completamente apto, achando que já passou por tudo… Aí pronto! Lá vem mais uma para a qual você ainda não estava preparado. Posso falar tudo isso com propriedade.

É isso, vou escrever um livro. Acho que tenho ótimas histórias pra contar. Uma mais frustrante que a outra.

O problema não está nas pessoas, sou consciente disso. Sei que o problema reside em mim. Um ser estranho, mutável, inconstante, cheio de imperfeições. Desejar plena compreensão é pedir demais, eu sei disso.

Um ser como eu, que preza pelos amigos, que valoriza os laços familiares, mas que também necessita de muitos momentos de solidão e reflexão. Sei que a convivência não é fácil, meus amigos que o digam. Mas, será que é tanto egoísmo assim pedir por alguns poucos momentos de companheirismo, de compreensão silenciosa, de um abraço bem apertado, de uma conversa demorada, de um processo de troca entre o aprender e o ensinar, de risadas sem motivo. Sim, é pedir demais.

Existem tantas pessoas incríveis nesse mundo, pessoas encantadoras ao meu redor, mas nenhuma delas consegue preencher tais requisitos. E eu, como ser estranho que sou, tenho certeza que não atendo ao mínimo das respectivas expectativas. Não acho justo ser assim. Não acho justo impor ao mundo minha excentricidade.

Procura-se.
Procura-se um ser estranho, mutável, inconstante, cheio de imperfeições, apreciador da solidão, apaixonado pelas multidões, deste ou de outro planeta, que aceite um outro ser semelhante.
You are welcome!

sexta-feira, 3 de julho de 2009

A vida não é fácil pra ninguém

A vida não é fácil pra ninguém. Frase do momento. Frase da minha vida.

Essa comparação, do nascer do sol, que vem, repentinamente, quando você menos espera... Já experimentou passar toda uma noite esperando o dia chegar? As horas não passam, o dia não vem, você começa a se perguntar se o dia realmente existe ou se não passa de uma ilusão que você, por algum motivo, acreditou que existia. Mas aí, eis que ele vem, quando você menos espera, quando você já está cansado, quase caindo no sono, desistindo de esperar. Lá vem ele, rasgando a noite. Começa devagar e, de repente, já está lá, tomando os céus, nos revelando coisas que a escuridão não nos deixava ver. E brilha, ilumina, aquece e muda tudo o que há dentro de você.

Lindo isso, não? Pois bem, foi isso que ele fez comigo.

Não diga que me gosta. No meu mundo, as pessoas ao menos tentam ficar com quem se quer.

Um segredo a confessar. Nunca, em nenhuma outra circunstância desses meus 20 anos pedi, como pedi pra você: fica comigo. Me escolhe.

Toda vez que lembro disso, me vem aquela vontade imensa de chorar, ou então, aquela vontade de me fazer surtar, pegar o telefone e ligar. Pra ouvir sua voz, pra estar contigo, pra fazer a loucura que, todos os dias, me obrigo a não pensar. E nem sempre dá certo. Milhões de vezes já me peguei pensando e sonhando com o dia em que você vai estar comigo, de verdade, por inteiro.

Devo dizer que tenho tido a sorte de encontrar pessoas realmente maravilhosas ao meu redor, mas só com ele meu eu atingia tamanha harmonia.
Aceitar o que a vida me dá ou esperar, novamente por uma manhã que talvez não chegue? A noite já não é tão ruim. Nem tão fria e sombria. É até gostoso e aconchegante. Por uns raros momentos, distraída com as estrelas e com a lua, até esqueço-me do amanhecer, que parece cada dia mais distante, inatingível.
O que é que eu faço? Eu posso muito bem viver assim, sem você. Posso, com muito esforço, resistir a um sorriso, ao seu toque sobre a minha pele, resistir ao seu encanto, mas sempre existirá em mim o E SE…? Sei que não posso viver esperando pelo dia em que você vai decidir parar de fazer besteira e correr atrás do que o seu coração está pedindo, eu ou quem quer que seja. Saber que você está aqui, tão perto, mas ao mesmo tempo tão longe…

Preciso de uma luz. Ou talvez não.

Odeio não saber

Sabe aqueles dias em que dá vontade de simplesmente sumir? Dar uma sumidinha básica e só voltar quando as coisas resolverem voltar para o seu devido lugar. Sumir até que o meu mundinho semiperfeito esteja de volta. Claro que não é e nunca foi perfeito, eu sei disso, você sabe disso, todo mundo no fundo, no fundo sabe disso. Mas era tão bom quando as minhas preocupações resumiam-se aos trabalhos da escola, a discussão com a amiga, a administração dos meus R$50 de mesada… saudade desse tempo. É meio clichê dizer isso, mas… a gente não sabe o que diz quando fica naquela paranoia de querer crescer.
Ando meio tristonha… desprovida de energias serelepes e saltitantes que me moviam há algum tempo… meus pensamentos andam vagueando por ali e por aqui. Por um milhão de lugares, menos onde eu gostaria que ele estivesse: aqui. Fico pensando nos meus probleminhas. Problemas esses que nem eu sei explicar como é que eu me envolvo.
É um atrás do outro. Mal termino um, já emendo outro. Mal cicatrizo uma ferida, e já abro outra! Está ficando cada vez mais difícil administrar essas coisas todas dentro de mim. Vai se tornando uma bola de neve que vai aumentando, aumentando… até estourar.
Estou farta dessas minhas trapalhadas. Simplesmente não sei como ocorrem, só sei que vêm. Vêm, tomam todo o espaço do meu juízo, da minha razão, de mim.
Que tipo de pessoa me tornei? Sei que mudei muito. Sei que me tornei uma pessoa melhor. Quer dizer, em partes. A outra parte de mim, aquela obscura, guardada à sete chaves pra que ninguém veja, essa sim me envergonha. Em que me transformei? O que é isso dentro de mim. Quem é essa que escreve, que já não sabe mais o que fazer, que já não sabe mais pra onde ir. Que vive mecanicamente, acorda, move-se, trabalha, estuda e dorme. Não sente, não ri. Não chora.
Dói. Arde. Dilacera. Consome. Acaba comigo viver assim. Nenhuma lágrima. Nem uma mísera lágrima eu consigo derramar. Por maior que seja a dor, por maior que seja a raiva ou alegria. Nada.
Veja o que eu me tornei.
Me apaixono e desapaixono. Amo e odeio. Choro e rio. Tudo numa coisa só. Tudo sem intensidade. E o que se intensifica, não é correspondido. O que marca e se enraiza, só se finca em mim.
Dói. Como dói.
Cadê aquela garota sorridente, onde anda aquela menina cheia de sonhos e anseios, cheia de vontade de iluminar o mundo. Hoje mal consigo fazer minha própria luz brilhar dentro de mim. Não ilumino nem a mim mesma.
A lágrima até que vem. Eu sei que ela existe, ela está bem aqui, na pontinha do meu olhar. Mas ela não cai!
Odeio não saber o que esperar. Odeio não saber se devo esperar. Odeio não saber. Odeio não chorar, odeio não iluminar, odeio sentir dor, odeio odiar quando o que eu queria era amar.