sábado, 7 de agosto de 2010

Considerações

ATIRA PARA O MAR - RENATA PALLOTTINI
Atira para o mar as tuas coisas
abandona os teus pais
muda de nome

esquece a pátria
parte sem bagagem
fica mudo e ensurdece
abre os teus olhos.

Se o teu amor não vale tudo isso
então fica onde estás
gelado e quieto.

O amor só sabe ir de mãos vazias
e só vale se for
o único projeto
.



Ando lendo e relendo e quase que decorando esse poema. Tão pequeno, tão sincero, tanta verdade em tão pouco espaço.

Quanto vale amar? Estranho usar esse termo, tão comum pra tanta gente. Tão banalizado que quase perde seu sentido, solto por aí, jogado de um lado para o outro. Ama e desama. Quer e desquer. O mais interessante disso tudo é o quanto estamos dispostos a abrir mão pra poder amar.

Amar é algo natural, já disse isso milhões de vezes, é algo que simplesmente se sente e ponto. Mas o quanto e o que você está disposto a deixar por esse amor? Não que, necessariamente, você vá precisar abrir mão de tudo, mas amar é estar disposto a fazer isso a qualquer momento. Sem pensar, sem questionar, simplesmente sentir e agir. Sentir e fazê-lo.

Acho que falta-nos coragem pra amar. Como diz a música do Charlie Brown Jr. "O medo cega os nossos sonhos". A falta de coragem nos impede de sentir sem medo, sem receio e sem ressalvas o mais doce, mais sincero, mais intenso e o mais valente dos sentimentos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

AMIGO

Final feliz. Esse poderia ser o título desse texto. Pobrezinho de você que já sabia que iria parar no meu blog DE NOVO. Mas, que culpa tenho eu se você me fornece as melhores inspirações? Porque, sério, nossa história daria um grande sucesso de Hollywood. Na verdade, está mais pra um dramalhão mexicano. Ou melhor, uma daquelas novelas da Globo em que, no final, tudo acaba bem.
Não se isso é um final. Tem cara de final, foi pensado como final, tem nome de final, mas não aceito como final. Afinal, nem eu nem você vamos embora. Não vamos a lugar algum. Apenas renomeamos nossa relação para algo mais belo, mais doce, mais puri e sincero: AMIZADE, aquilo que a gente nunca teve de verdade. Éramos sim colegas, conhecidos, amigos de amigos, mas não amigos de verdade. E não é que a gente leva jeito pra coisa?
Te conhecer, falar, rir. Brigar (dessa vez com carinho), dar e receber bronca, ouvir! Se abrir num nível jamais visto na história dessa minha vida. É tão gostoso! Aposto que se fôssemos namorados, seríamos os namorados mais namorados do mundo. A gente tem se dado tão bem! Mas como já conversamos mais de um milhão de vezes, somos amigos. Amigos que se ama, mas amigos. Afinal, amigo que é amigo se ama, não é?
Só foi estranho o modo como selamos nossa mais nova amizade. Encerrar uma fase, iniciar outra. Amor que é amor não muda. Talvez assuma outra forma e só. E esse nosso amor homem-mulher foi todo canalizado, todo acumulado, todo prensado no melhor, mais lindo, mais romântico, mais... (me faltam palavras) ... mais saudoso e desejado beijo de despedida já visto na história dos amores.
Não gosto de dizer adeus. Principalmente adeus aos meus sentimentos. Mas, como eu disse, amor que é amor não muda, apenas assume outra forma. E esse meu amor vai ter que assumir a forma de um abraço (um não, um milhão porque abraço é bom demais), vai ter que assumir a forma de um sorriso, de um aperto de mão, de um olhar do tipo "Estarei sempre aqui" (porque eu vou MESMO estar sempre aqui), infinitas formas, mas não mais de beijo. Beijo é para namorados, o que não é o nosso caso. Não atualmente!
Que seja, amor que é amor não muda. Mas deixa que o seu amor tome seu rumo. Seja ele aqui ao lado ou ao lado de um outro lado. Seja na forma de um beijo ou mesmo de um abraço. Seja na forma do amado ou do mais novo melhor amigo. Sei que o amor é coisa complicada, mas quando se deixa o amor tomar tudo o que há em você, amar passa a ser algo natural. Longe ou perto se ama. No beijo ou no abraço se ama. No namoro, ou mais ainda, na AMIZADE se ama.

E eu te amo de todos os modos.

Bem vindo, meu novo melhor amigo!

terça-feira, 1 de junho de 2010

Despedida

Esse foi o texto que escrevi para me despedir dos meus queridos amigos da CEU EMEI VILA CURUÇÁ. Na verdade, eu pretendia colocá-lo no mural de recados para que todos pudessem ler. Mas, com a correria da mudança de escola, mudei de ideia, copiei no Meu pen drive e achei que tinha apagado do computador da escola. Qual não foi a minha surpresa quando descobri que eu NÃO o tinha apagado e que a Isa, nossa CP, o encontrou, imprimiu e leu pra todo mundo na reunião pedagógica de sábado passado!
Mais lindo, impossível!
Então, aqui segue o texto na íntegra. Cada palavra veio do mais profundo do meu coração num dos meus últimos dias lá, num daqueles dias em que eu tive que segurar as lágrimas só de PENSAR na saudade que sentiria.


O momento da despedida é sempre difícil. Nos acostumamos a todos os dias nos depararmos com os mesmos rostos, os mesmos cheiros, os mesmos modos já tão familiares que, quando surge a mera perspectiva da partida, já bate aquele buraco no estômago, aquele sentimento de que 'está faltando alguma coisa'. E com vocês foi e está sendo assim.
Todos os dias eu já esperava pelo momento em que veria aquele sorriso, receberia aquele abraço, sentiria aquele cheirinho gostoso... Também, lidaria com aquela correria maluca que só o CEU oferece, veria aquela cara mais fechada, receberia aquele olhar fuzilante ou mesmo aquele rosto sem sorriso, afinal, não dá pra ser alegre o tempo inteiro, não é? Mas isso não importa, aprendi a aceitar e amar cada um nesse lugar, com todos os seus defeitos e suas milhões de qualidades, que juntos, formam pessoas incríveis, às quais sou imensamente grata por tudo. Sim, POR TUDO. Porque a cada dia mais um passo era dado, o crescimento não era apenas para a profissional que eu quero ser, mas, acima de tudo, para o meu crescimento como ser humano. Obrigado por cada 'chamada', por cada bronca, por cada conselho, pelo apoio sempre presente, por partilharem comigo todas as alegrias e tristezas, conquistas e derrotas. Amo cada um de vocês.
Sem mais delongas, despeço-me com um verso que traduz exatamento o que sinto nesse momento:

"Só enquanto eu respirar vou me lembrar de vocês, só enquanto eu respirar"
(O Teatro Mágico)
Jacqueline Andrade
São Paulo, 14 de maio de 2010.

sábado, 29 de maio de 2010

Música: Serei Contigo
Cantor: Família Soul
Composição: Bruno Menezes

Ao passares pelas águas, serei contigo
Ao passares pelo fogo, serei contigo
Porque Eu sou teu Deus, porque sou teu Senhor
Sou teu Libertador, Eu sou teu Salvador

Precioso és pra mim, fui Eu que te criei
Fui Eu que te formei, Meu sangue derramei

Medo

Tem horas na vida em que tudo o que sentimos é medo. Medo de tudo, das pessoas que encontraremos, do futuro que nos aguarda. Na verdade, do futuro que desconhecemos.
Eu tenho a mania boba de querer ter tudo sob controle, tudo bem diante dos meus olhos. Quando algo não é palpável, lá vem o medo, a insegurança, a vontade de voltar correndo pra casa. Costumo dizer 'Eu quero a minha mãe'. Não gritando, nem chorando como uma criança, mas apenas querendo o colo e a segurança que ela me dá. Mas tem horas que não dá. Não dá pra, simplesmente, sair correndo e ir ao encontro da minha mãezinha. Aí sim bate o desespero.
E como eu sou medrosa, como eu tenho medo do futuro! Não há nada no mundo que me assuste, me irrite, me provoque mais do que não saber.
Tem horas que eu me pego parada, olhando pro nada, ou melhor, olhando pra dentro de mim, sentindo um buraco terrível. Como se, não saber o que me aguarda, me causasse um buraco negro particular, que tende a crescer cada vez que o incerto aparece. E como ele gosta de aparecer! E como ele anda aparecendo ultimamente!
Eu vejo coisas vindo pro meu controle e outras mil fugindo de mim. Tudo ao mesmo tempo, tudo de uma vez só. E eu, desesperada, tentando agarrar tudo e às vezes, deixando escapar aquilo que eu, supostamente já tinha.
Tão boba, tão imatura. Pra certas coisas cresci demais. E pra outras, de menos. Por que o crescimento não é por igual?
Eu odeio não saber, eu odeio ter de esperar, eu odeio me sentir impotente, não conseguir e, mais ainda, não ter certeza do que eu quero.
Quem me vê, assim de longe, pensa que eu tenho tudo, que nada me falta, que minha vida é linda (e é, devo dizer, tenho amigos maravilhos, uma família linda), eu vivo sorrindo! E, realmente, não tenho muito do que reclamar. Só não gosto desse buraco, dessa incerteza.
Queria tanto poder ver o futuro, ver como eu serei, como eu estarei lá na frente. Só uma olhadinha de nada...

Essa é minha maior dificuldade com relação ao Reino de Deus. É a lição que eu me faço ouvir e reouvir, aprender e reaprender todos os dias. Eu já sei decor textos e mais textos, as mais belas músicas que falam sobre a segurança em Deus, em como devemos esperar e descansar... Mas, Deus, como é difícil!

E como está sendo agora...!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Prefácio (ou Considerações Finais)


Bem, agora acabou. Ou começou, não sei. Chega aquele momento na história em que algumas coisas se resolvem, tomam seu rumo.


É agora que nós vamos saber se isso vai se tornar alguma coisa, se vai tomar alguma forma concreta ou vai se dissolver a partir dessa coisa abstrata e disforme que chamamos de... do que é que a gente chama isso mesmo? Ah é, isso nem um nome tem.


Mas é essa coisa disforme, abstrata e sem nome que acaba com o pouco juízo que me resta. É essa coisa que me tira o sono todas as noites, que faz com que eu gaste 80% do meu tempo acordada pensando em você, que faz com que eu crie as mais diversas situações só pra citar seu nome, que faz com que 99% das músicas que eu ouço naquela rádio me lembrem você. São cheiros, cores, formas, sons, músicas, comidas, lugares... milhares de coisas que, a todo momento, me lembram do que eu não quero esquecer.


A bagunça que eu QUERO ter na minha vida.


Eu sabia, meu coração já sentia. Desde a primeira vez que te vi, eu já podia sentir o desequilíbrio chegando. E como chegou! Mas eu não ligo. É o que eu quero.


Eu já não sei o que pensar. Na verdade, tenho tentado não pensar, tentado, a todo custo, colocar na minha cabeça que isso não é uma perda. Afinal, a gente só pode perder aquilo que já teve. E você nunca foi meu. É difícil admitir, mas é isso aí: eu nunca te tive, nunca o tive por completo. Era sempre um roubo, na verdade, um empréstimo não-autorizado, com devolução forçada, porém, garantida.


Teoricamente, esse seria o momento em que você finalmente poderia ser meu. O momento em que finalmente, depois de uma espera infinita, você estaria um pouco mais perto de mim.
Às vezes, acho que estou fazendo disso tudo uma tempestade em copo d’água. Não importa o rumo que essa história vai tomar, me obrigo a aceitar o que vier.


Eu só te fiz um pedido: se for embora, faça disso um processo – lento, de preferência. Não vá assim, de uma vez. Conhecendo-te como conheço, lembrando um pouco do muito que você me ensinou, eu não te peço o eterno, não peço o pra sempre porque isso não existe, não funciona com você (e ando desconfiando que comigo também não).


Te peço apenas um dia, uma hora, um minuto, que seja! Mas que nesse tempo, você seja, ou melhor, esteja comigo de verdade, por inteiro, pela mais absoluta vontade.


Só me resta esperar e ver o que o minuto seguinte me reserva. Te encontrar na próxima esquina ou me perder nessa louca vontade de te encontrar e assim ficar até que eu volte aquele monótono equilíbrio anterior a você.

domingo, 6 de setembro de 2009

Tudo Bem


Eu não consigo ser alegre o tempo inteiro.

Sabe aquele dia em que tudo está à flor da pele? Que dá vontade de chorar porque não tinha leite na geladeira, vontade de cometer um crime quando alguém decide comentar sobre o seu pequeno aumento de peso e faz disso um discurso sem fim? É, eu estou assim hoje. E sabe o que é pior: Está tudo bem.

Eu, simplesmente, não consigo dizer que está tudo mal. Não importa o que as pessoas digam, a profundidade da ofensa, eu sempre viro e digo: Tudo bem! É claro que, por dentro, já soltei todo o meu acervo de xingamentos, que a feição mude, que o sangue suba, não importa!

Está sempre tudo bem!

Por quê?

Ah, porque eu sou legal, porque eu perdoo tudo, porque eu não guardo mágoa... Porque eu sou idiota e devo gostar de me mostrar forte. (É, talvez eu seja...)

Sim, eu já passei por poucas e... quer dizer, por MUITAS e boas. Coisas que, narradas, seriam dignas dos mais belos causos das Novelas Globais. Mas, está sempre tudo bem.

Devem achar que eu não tenho problemas (já tive que ouvir isso.) Já que está sempre tudo bem. Minha conta bancária? Tudo bem. Minha saúde física? Tudo bem. Minha vida amorosa não-existente? Muito bem, obrigada. Minha saúde mental? Tudo ótimo. Se você me perguntasse AGORA como eu estou, eu vou dizer tudo bem. Mesmo que eu esteja segurando litros e litros de lágrimas que, droga, não caem. Mesmo que meu desejo mais profundo seja sair correndo daqui. Não importa! Quem se importa? Quem, realmente, se importa? Não importa, está tudo bem.
É só cansaço, é só preguiça (todo mundo sabe que eu adoro dormir), só isso. Ninguém nunca me magoa, todos são maravilhosos, minha vida é perfeita. Melhor? Imposssível!

Com meu sorrisinho milimetricamente elaborado, sem dentes à mostra; um ligeiro alargamento de lábios, um quase fechar de olhos - mais meigo, impossível. Está tudo bem. Um curto suspiro, e "voila". Todos já se convenceram de que eu estou ótima.

E assim, vamos seguindo. E assim vamos indo até o momento em que, tão lindamente descrito pela Pitty:

"Toda mágoa velada é água parada e, uma hora, transborda."